Diferentes origens, destino em comum. A América Latina é uma das regiões mais diversas do globo e conta com inúmeras culturas, hábitos e costumes, influenciando diretamente a indústria na produção de cosméticos, seja em países vizinhos, seja do outro lado do globo. Alexandra Lan, pesquisadora da Pechoin, da China, acredita que o consumidor está cada vez mais exigente quanto aos produtos que consome, buscando opções customizadas para as necessidades de sua pele.
Na China, ela lida diariamente com fatores externos, que influenciam a saúde da pele como, por exemplo, a poluição, fator de grande impacto no país chinês. “A América Latina é muito vasta de tipos de pele, de miscigenações diferentes. Quem vive aqui, principalmente em grandes cidades, passa por diferentes situações que afetam suas rotinas e seus comportamentos. São fatores que contribuem de maneira global para nossos estudos”, diz a cientista.
Manuel Li da Yanbal, do Peru, aposta na biodiversidade presente na América Latina, e como isso é um fator positivo para investir em uma das novas demandas do mercado cosmético: os produtos naturais. “Temos um amplo campo a ser explorado em pesquisa e desenvolvimento de novos cosméticos, com apelos naturais e sustentáveis. A indústria possui em mãos um grande desafio, que é entender como usar esses ingredientes para entregar benefícios às suas comunidades. Pelo que vi o Brasil está bem avançado nesse quesito”, comenta.
Já para o nutrólogo Dr. Diogo Toledo, os cosméticos podem ser ainda mais funcionais, se aliados a outras práticas de cuidado com o corpo, no que ele chama de longevidade metabólica, que é a união de intestino, pele e músculo e o equilíbrio entre eles. O pesquisador abordou nesse contexto os probióticos e como eles podem ajudar a pele de dentro para fora. “É importante pensar no cosmético como alimento, agindo de dentro para fora. E junto a isso, claro, o controle de tudo que consumimos, como alimentos ultra processados. O equilíbrio de nosso corpo e de nossos hábitos impacta diretamente no resultado de produtos que usamos externamente, por exemplo”.
Os novos hábitos do consumidor da América Latina estão impactando até setores mais distantes, como os de regulação de cosméticos. Itamar de Falco Jr, da Anvisa, diz que a customização de produtos, como a para determinados tipos de peles, requer uma revisão no modelo atual que temos. “Assim como um produto que é mais específico, precisamos de uma regulamentação mais específica, repensando nosso modelo atual. Estamos dispostos a levantar esse debate”, diz.
O assunto foi debatido no Talk Show “Peles latinas: uma mistura única”, realizada ontem no Congresso COLAMIQC, paralelo à FCE Cosmetique.
Fonte: Redação Revista H&C